Esse meu amigo de juventude, paranaense de nascimento (Jaguapitã), mariliense, juizdeforano e paulistano de vida, estudo e luta, foi mais um que a maldita Covid levou. Tristeza grande!
Juntos, compartilhamos sonhos de uma sociedade igualitária, como exigia, na nossa compreensão, o ideário cristão (éramos da JEC, Juventude Estudantil Católica). Esse professor-doutor de Ética e Filosofia Política da Unicamp, de agudo pensamento crítico, foi frei dominicano nos anos de chumbo.
Numa Páscoa, há mais de meio século, passada no Convento dos Dominicanos nas Perdizes (SP), Beto (como o chamávamos), vendo meu interesse no missal que só os frades tinham, não titubeou: me deu o seu, com essa dedicatória tocante. Tempos depois ele viria a ser preso pela ditadura, sem qualquer acusação formal. Ficou um ano encarcerado, e eu escondido, clandestino no próprio país. Esse missal “subversivo” era – e ainda é – um conforto.
Já o Roberto, com suas luzes, é agora lembrança vital. Os nostálgicos do regime obscurantista, negadores da ciência, pregadores do vírus, facilitaram, de algum modo, um jeito de silenciá-lo…
Mas Roberto Romano, brasileiro do mundo, deixa um rastro de luz, de ética, de pensamento livre. Isso ninguém prende ou apaga.
Tá difícil suportar tanta perda…