Hoje é o Dia do Padeiro. Daqueles e daquelas que madrugaram, como fazem todos os dias, pra manufaturar esse alimento antiquíssimo, saboroso e popular: o pão.
A celebração corresponde ao dia de Santa Isabel de Portugal, a rainha que, no século XIV, compadecida da fome do seu povo (nem todo aristocrata tem essa sensibilidade) levava pães para ele, às escondidas. Flagrada com o “produto” pelo marido, D. Diniz, alegou serem rosas. Ele, patriarcal, pediu para ver. Ela abriu o avental e de lá caíram, de fato, rosas…
O ser humano é o único que cozinha seus próprios alimentos. O pão é o símbolo dessa nossa capacidade de encontrarmos meio de sobrevivência. Nos primórdios, lá na Antiguidade (Mesopotâmia) nem era feito com farinha, mas com a raspa do fruto do carvalho. O pão é representação forte no cristianismo e na cultura ocidental: hóstia consagrada, fruto do trabalho, a ser compartilhado – comum-união.
A padaria é um lugar fascinante para frequentar. Hélio Pellegrino, psicanalista (1924-1988), dizia que ao entrar nela devíamos nos persignar. Muitas vezes a gente nem lembra de quem, no anonimato, faz todas aquelas delícias…
Nesses duros tempos brasileiros, há quadrilhas roubando nosso pão cotidiano, nosso direito à vida – com cabos de polícia, pastores e militares “vendedores de vacina” investigados por participação em propina.
Apesar disso, a cúpula das Forças Armadas reage, não apoiando a investigação, mas fazendo ameaças de republiqueta à CPI e à democracia. O ministro da Defesa criticou o senador Omar Aziz quando esse disse, corretamente, que militar que entra em falcatrua “envergonha a corporação”. No (des)governo Bolsonaro há mais de 6 mil oficiais, muitos apegados ao “pão” da gratificação, da comissão. E um “espírito golpista” em curso. Inaceitável.
Em frente! “Como 2 e 2 são 4, sei que a vida vale a pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena” (Ferreira Gullar, 1930-2016)