Celebra-se neste domingo, em milhares de comunidades cristãs do mundo, as vidas de Pedro e Paulo, apóstolos dos primórdios.
Assim como os nomes são comuns – como os de Maria e José – suas histórias de vida também o são. Como as de qualquer um de nós, e revestidas de grandeza, como é possível (e necessário) a todo/as. Vidas simples, mas potentes e transcendentes.
Em Pedro e Paulo tem dúvida (custaram a crer e, mesmo crendo, duvidaram), tem incompreensão, perseguição, prisão, martírio, morte e libertação (quem não vive, em alguma dimensão, essa dialética existencial?). Tem missão cumprida: “combati o bom combate, terminei minha jornada, guardei a fé!” (2 Tim 4-7). Essa afirmação terminal é sempre inaugural e comovente. Que benção poder dizer isso…
Pedro e Paulo se completam: um é o pescador rude, passional, arrebatado, operoso. Outro é o intelectual estudioso da Lei Judaica, mas atento aos sinais dos tempos, que transitou de perseguidor de cristãos a propagador qualificado dessa fé. Pedro conviveu com Jesus. Paulo não, era movido pelo Ressuscitado, pura fé. Suas cartas foram escritas antes dos evangelhos.
Ambos negaram mas, sem serem negacionistas empedernidos, aceitaram o anúncio da Esperança. Também nossas vidas são marcadas por crença e descrença, calor e frieza, “cabeça dura” e abertura, desafio permanente à mudança, à conversão.
Nossa missão, como a de Pedro, é ser pedra sobre a qual se constroem coisas boas, criativas, úteis à coletividade. Como a de Paulo, nossa jornada deve estar pontuada pelo estímulo entusiasmado à criação de núcleos de amorosos de fé, apoio mútuo e partilha.
Nenhuma sociedade se transforma de cima para baixo. Só avançamos com essa organização diversa de pequenas comunidades fraternas e solidárias, cada uma com sua identidade.
Somos todos um pouco Pedro, pescadores, fundadores. Somos todos um pouco Paulo, pregadores, organizadores. Somos seus continuadores, como PEDRO Casaldáliga (1928-2020): “ser o que se é, falar o que se crê, crer no que se prega, viver o que se proclama, até as últimas consequências”. Como PAULO Leminski (1944-1989): “isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.
Sigamos, “petrinos”, “paulinas”, “marianos”, imitando quem semeou valores eternos.