Em 8 de março, ainda no hospital, com o pequeno Henry morto, o EX-vereador “Dr Jairinho” – nem doutor nem merecedor de diminutivo carinhoso – tentava safar-se da acusação do crime hediondo, repetindo, para médicos e até para o pai da criança, Leniel Borel: “vamos virar essa página”.
A Câmara Municipal “virou a página” de ter em sua bancada uma pessoa que desonrou o mandato que recebeu da população. Condenação criminal não é da nossa alçada, mas retirá-lo do Parlamento era, e assim foi feito. Por abuso de poder, tráfico de influência, mentira no inquérito policial. Com a urgência que o caso requeria, garantindo o direito de defesa, em dois meses e quatro dias desde a prisão provisória do então parlamentar.
UM EXEMPLO para a Câmara dos Deputados, que mantém em seus quadros, votando e até preparando candidatura para 2022, a deputada Flordelis, igualmente ré por crime de morte, perpetrado há quase dois anos.
O ex-vereador Jairo Jr, que a Defesa apontou como “doce, gentil, delicado e bom colega” era um político tradicional, da cepa fisiológica: foi líder tanto do prefeito Eduardo Paes quanto de Crivella, estava sempre bem com o poder da hora, conseguia “obras” e empregos na máquina, a ponto de colocar sua então namorada, a mãe de Henry (hoje presa) com um cargo de R$ 15 mil no Tribunal de Contas do Município. É assim que a banda do “toma lá dá cá” – como a do Centrão corrupto, em Brasília, que sustenta o governo Bolsonaro – toca…
A Câmara Municipal ontem, ao cassar um mandato pela 1a vez em seus 44 anos de existência, mostrou que está zelosa com a ética e o decoro que se impõe ao agente público. Reiteramos nosso compromisso de transparência, dignidade e honestidade na função. Isso vale para todos nós, que lá estamos, e também para o suplente de Jairo Jr, que alguns suspeitam de ter ligações perigosas…
O advogado Berilo Martins, na defesa de Jairo Jr, citou o psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961), talvez por saber que seu cliente também tem uma cabeça doentia: “Pensar é difícil, por isso algumas pessoas preferem julgar” – escreveu. Respondi, na tribuna, com o mesmo Jung, em frase muito mais apropriada ao caso encerrado: “ONDE ACABA O AMOR TEM INÍCIO O PODER, A VIOLÊNCIA E O TERROR”.