A caçada a um tal de Lázaro, serial killer, virou mininovela televisiva, acompanhada por milhões. Uma trama cara aos cofres públicos, que mobilizou helicópteros, equipamentos cedidos pelo Exército, 300 agentes, cães farejadores. O governo de Goiás arcou com o maior gasto para algo que a inteligência e policiais conhecedores da região fariam não em 20, mas, possivelmente, em 2 dias. Os 38 tiros que mataram o fugitivo fecham a “epopéia”? Não.
O espetáculo final foi bem a cara da sociedade do espetáculo, onde o justo clamor por Segurança Pública é respondido com exibição, “parada” triunfalista, carros oficiais com sirene aberta, busca frenética por aplausos. Afinal, no país da pandemia, do desemprego, da inflação dos gêneros básicos, da devastação ambiental e da crise hídrica o “grande problema” foi o Lázaro, o antiherói homicida, o não ressuscitado e, como era óbvio, condenado à morte.
O ainda presidente da República comentou a morte do “inimigo temporário número 1 da Nação” (nesse aspecto, seu concorrente…), no estilo debochado e insensível à dor de mais de meio milhão de sempre: “não foi Covid, não?”. Inclassificável.
Enquanto isso, a militarização institucional cresce: desde o início do governo Bolsonaro o número de militares em cargos civis da administração federal aumentou em 122% – hoje são nada menos que 6.157 oficiais no governo! E as gratificações e outros “mimos” para esse setor só fazem crescer – “austeridade” seletiva. O desgaste das Forças Armadas com esse envolvimento também cresce. O blindadíssimo general da ativa (e do governo) Pazuello é o símbolo dessa degradação.