Nesse tempo de morte, lá se vai Artur Xexéo. Sobrenome de passarinho e jeito leve de ser repórter do nosso tempo. Jornalista e dramaturgo da singularidade da nossa cultura, da música, rádio e tv da nossa geração.
Acompanho Xexéo desde o velho JB. Sempre li com vivo interesse sua escrita de estilo descontraído, de fino humor, de questionamentos políticos que incomodavam (“Mala do ano” era interativo e impagável!), de transbordante gosto de viver. Estivemos juntos poucas vezes, ele invariavelmente gentil e bem informado a respeito do que eu, na vida pública, fazia (ou tentava fazer).
Não foi Covid. Xexéo perdeu a batalha para um linfoma. Perdemos nós mais um pensador crítico, um morador do Rio que queria de volta o fulgor e o vigor da cidade. Xexéo gostava muito de histórias e personagens do passado recente, mas não era nostálgico nem saudosista: destacava, sobretudo em musicais, o brilho de quem, em vida, brilhou, para que sua criatividade seguisse nos inspirando (como sua coluna “A minha Camila”, de domingo retrasado, sobre Camila Amado: “a última imagem que tenho dela é a dessa gargalhada linda”. Talvez, para quem com ele conviveu, a sua será seu largo sorriso…).
Nós sim, ficamos um pouco mais nostálgicos e saudosistas por perder um jornalista da cultura nesse áspero tempo, em que o Poder ainda está controlado por um Tosco que nunca o leu, e, se o leu, não entendeu, ou, entendendo (vá lá), não gostou…
Ninguém morre sozinho. Todo aquele que se vai carrega pedaços de quem conviveu com ele e, no caso de nomes conhecidos, de quem curtiu seu trabalho. Xexéo, aos 69, bateu asas para a Eternidade e nos priva agora de suas intervenções inteligentes na Globonews e nas crônicas dominicais… Perdemos, mais uma vez.
Ao seu amado Paulo e à toda sua família e colegas de trabalho, afeto e solidariedade. Inteligência e sensibilidade jamais morrerão!