A CELERIDADE PARA ‘AMENIZAR’ A LEI DA IMPROBIDADE

O PL que altera a Lei da Improbidade Administrativa ainda estava na comissão especial, mas o presidente da Câmara, Artur Lira, líder do Centrão, tinha pressa. Foi aprovada a urgência – o PSOL votou contra. Perdemos: o bolsonarismo e toda a oposição, à nossa exceção, se uniram nessa sofreguidão, interrompendo o necessário debate.

Levado às pressas ao plenário, o projeto foi aprovado por avassaladora maioria (407 a 67) – o PSOL votou contra, quase solitariamente.

Vários deputados, a começar pelo presidente da Câmara, têm interesse direto na matéria: ex-prefeitos ou ex-secretários, enfrentam processos por improbidade administrativa que aspiram ver anulados…

Às vésperas da CPI indiciar vários gestores e ex-gestores, a amenização da Lei da Improbidade Administrativa vem a calhar: “não tive intenção, foi só um equívoco”, alegarão administradores, tenham agido de má fé ou não.

Se essa revisão da Lei – que, diga-se, tem também alguns aspectos positivos, como o da vedação do nepotismo – passar no Senado tal como sai da Câmara, negligência, omissão e desleixo do administrador público não serão mais objeto de investigação. Não agir com transparência, desprezar a eficiência e a economicidade não poderão mais ser objeto de qualquer ação de improbidade.

Alguém já disse que até para assentar um paralelepípedo na menor cidade do país é preciso pagar propina. Essa “cultura” não pode ser eterna. Toda lei precisa ser atualizada, claro, mas é preciso cuidado para que ela, nessa revisão, não beneficie quem não tem compromisso com o interesse público.

Frei Vicente do Salvador (1564-1636), em sua “História do Brazil”, já dizia: “nenhum homem nessa terra é repúblico, nem zela ou trata do bem comum, senão cada um do bem particular”. Na administração pública, é preciso exigir sempre transparência e controle popular.

Compartilhe:

Facebook
WhatsApp
Twitter
Telegram
Email

Leia também:

São Pedro e São Paulo - El Greco (1541-1614) A conversão de Paulo - Caravaggio (1571-1610)

PEDRO, PAULO E NÓS

Neste domingo celebra-se a festa de São Pedro e São Paulo, apóstolos pilares do cristianismo.
Pedro e Paulo, tão diferentes. Pedro, rude e franco pescador. Paulo, estudioso escudeiro da lei judaica.
Pedro e Paulo, tão iguais: um nega Cristo três vezes, outro persegue centenas de cristãos.

Cristo na tempestade no Mar da Galiléia (por Rembrandt van Rijn)

SERENIDADE NA TORMENTA

O Evangelho lido hoje em milhares de comunidades de fé do mundo (Marcos 4, 35-41) mostra um Jesus “zen”, leve em meio ao peso do mundo. Dormindo na frágil embarcação sobre ondas revoltas.
Lição de vida nesse universo de temores, incertezas e ansiedades em que navegamos.

Fotos de Eduardo Ribeiro (horta em Santa Rosa de Viterbo/SP) e Igor Amaro (praça em Angra dos Reis/RJ)

SER SEMENTE, SOMENTE

Como Jesus explicava bem as coisas! No evangelho lido neste domingo em milhares de comunidades de fé pelo mundo (Marcos, 4, 26-34), o Mestre usa comparações bem compreensíveis (parábolas) para a multidão que queria ouví-lo.

Rolar para cima