O quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga (atual Alagoas), reuniu milhares de negros fugidos da opressão da escravidão. Durou quase todo o século XVII e resistiu a inúmeros ataques de jagunços dos fazendeiros e tropas oficiais. Só foi destruído em 1695, por uma força chefiada pelo bandeirante mercenário Domingos Jorge Velho.
A Fundação Cultural Palmares – criada em 1988, para a preservação e promoção dos valores culturais e históricos da população negra do Brasil, contra a secular discriminação e o racismo estrutural -está sob ataque.
Seu atual presidente, Sérgio Camargo, considera o movimento negro uma “escória maldita formada por vagabundos” (!!!). Indicado por Bolsonaro, faz de sua gestão um verdadeiro cerco a todas as pessoas e símbolos que afirmam a nossa pujante africanidade, constitutiva da sociedade brasileira. Camargo é um negro com cabeça colonizada, de supremacista branco.
A última desse senhor é o expurgo de obras do acervo de livros da Fundação. Mais da metade de biblioteca da instituição (pública, mantida com recursos da sociedade) – 5,3 mil livros, folhetos e catálogos – será “armazenada, aguardando procedimento de doação”, isto é, excluída da biblioteca da autarquia.
CENSURA descarada, de viés político-ideológico. Camargo diz que são obras “pautadas pela revolução sexual, pela ‘bandidolatria’ e pelo estudo das revoluções marxistas e técnicas de guerrilha”. Na “lista descolorida” do obscurantismo dele estão obras do históriador Eric Hobsbawn, do russo Gógol e do folclorista brasileiro Câmara Cascudo, além das de inúmeros outros qualificados autores (é provável que o “index proibitorum” tenha atingido também obras minhas, como “História da Sociedade Brasileira” e “Trapezunga e Terreirão”…).
O relatório que concluiu pelo banimento das obras é assinado por Marco Frenette, que foi assessor de Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura que se inspirou no nazista Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, para fazer um discurso. TUTTI BUONA GENTE, como diria Mussolini…
Quem assiste passivamente a essas aberrações está respaldando a destruição não só da Fundação Palmares, mas do próprio Brasil.
Sábado que vem é dia de clamarmos contra toda essa torpeza!