Não, não se trata de uma disputa futebolística da contestada “Cepa” América – que até jogadores da seleção brasileira questionam. O embate é outro, de posturas institucionais diferentes.
No Brasil, o presidente é um autoproclamado defensor da ditadura e de torturadores. Estes, aliás, jamais foram punidos, por mais bárbaros que tenham sido seus crimes, comprovadamente cometidos. Agora, o comandante do Exército não consegue sequer fazer advertência a um general da ativa que participa de ato político, contrariando o regimento disciplinar da sua Força.
Os militares ocupam mais de 6 mil funções (comissionadas) no atual governo – e todos comungam do pensamento autoritário vigente. Setores das PMs, truculentos e repressores, são estimulados a agir por conta própria. E o atual Procurador Geral da República nada procura: não dá os “ares de sua graça”, sonhando com uma vaga no STF.
Já na República do Uruguai funciona a Procuradoria Especial de Crimes contra a Humanidade. Ela, cumprindo sua missão, apresentou denúncia contra sete militares, que sequestraram e torturaram opositores da ditadura (1973-1985) no centro clandestino chamado “Inferno Grande”. Eles acabam de ser condenados à sete anos de prisão. Desde 2011, com a presidência de Pepe Mujica (longa vida, companheiro!), a Lei de Anistia não garante mais impunidade para quem praticou terrorismo de estado e, covardemente, torturou ou matou quem resistia ao regime totalitário de lá. O governo atual, Lacalle Paul, é de centro-direita.
No Brasil está em curso uma escalada golpista. Os neofascistas perderam o pudor. Nesta hora grave, todas as figuras públicas, instituições da sociedade, movimentos e partidos têm a obrigação de publicizar seu repúdio. Quem cala é cúmplice do crime.
À cidadania em geral cumpre se mobilizar e denunciar. E conferir e cobrar a posição de cada um!