Hoje é o Dia de Corpus Christi. Relembra a instituição da eucaristia por Jesus Cristo, na ceia com seus amigo/as. Ele, naquele encontro, abençoou e repartiu o pão. Eukharistía vem do grego e quer dizer gratidão, ação de graças. Louvor à fraternidade, à sororidade, às razões de viver.
Para o cristianismo, o sagrado está no coração da matéria, das dádivas da natureza e de tudo que o trabalho humano produz. Do trigo fazer o pão e cuidar de repartí-lo. Deus é comunhão, comum-união. Por isso, na tradição popular, as ruas são enfeitadas com cores e desenhos da hóstia consagrada.
O cristianismo é uma religião “materialista”. Seus símbolos estão no nosso dia a dia e nos sustentam: o peixe, o pão e o vinho. Distribuídos com justiça, sempre. A eternidade penetra as artérias do tempo.
Cristo anuncia seu corpo como expressão da vida humana: nascimento, sofrimento, dor, ressurreição. E se diz presente, como sacramento, no pão compartilhado e no vinho da taça comum. Pão e vinho da vida em abundância, para todos.
Todo corpo é templo do espírito. Nessa festa de Corpus Christi é preciso lembrar dos corpos dos nossos irmãos e irmãs profanados. São as crianças palestinas e refugiadas chorando contra a violência cruel de que são vítimas. São o/as quase 470 mil brasileiro/as mortos pela Covid, que poderia ser menos devastadora, se a Ciência fosse ouvida e as vacinas tivessem chegado mais cedo.
São, nesse dia 3 de junho, os feridos e talvez mortos do desabamento de mais um prédio na comunidade de Rio das Pedras (Zona Oeste do Rio), controlada pelas milícias. Esses grupos mafiosos se arvoram, com a conivência do Poder Público, até em empreendedores imobiliários! As ruas ali estão descoloridas pelos escombros. O povo pobre ou não tem moradia digna ou a tem insegura, mal construída, no risco. Corpos sofridos, machucados e desabrigados.
Que o pão da vida – sagrado quando compartilhado – nos anime a lutar por uma sociedade justa, fraterna, irmanada. Erguida sobre as sólidas estruturas do respeito, da solidariedade e da dignidade.