Toda cidade carrega História em sua arquitetura. Toda rua e casa tem memória, e sem ela a vida se apequena.
O Centro do Rio é uma beleza abandonada. Tem muita História do Brasil, a começar pelos que a carregaram e carregam nas costas, abrindo ruas, erguendo prédios, portos e aeroportos dessa cidade-metrópole. Quem a fez e mantém é uma multidão de anônimos, raramente homenageada em nomes de praças e avenidas.
Está em debate na Câmara Municipal o projeto “Reviver Centro”. Centro transfigurado e esvaziado pela pandemia. O “Reviver” tem o ambicioso objetivo de abrir mais espaço para moradia no Centro histórico do Rio – uma tendência mundial das grandes cidades – e recuperar o casario histórico, boa parte em estado de abandono ou ruínas. São 340 sobrados, 28 palacetes e casas, 31 lojas e galpões, além de 93 prédios diversos.
Três questões se colocam: 1) é bom método implementar esse “Reviver” antes da discussão e deliberação do Plano Diretor Decenal da Cidade, que também está em revisão? Não seria priorizar a parte sem ter a visão do todo de uma cidade com 6,7 milhões de habitantes, 162 bairros “legais”, 650 favelas (quase sempre esquecidas) e 16 áreas de planejamento que mal planejam e, quando o fazem, mal implementam? 2) atrair empresários do setor imobiliário para investir no Centro às custas de ofertas de espaços e benefícios nas já adensadas Zonas Sul e Norte (como a Tijuca) – as chamadas Operações Interligadas – é aceitável? 3) quem, de fato, terá condições de morar nas áreas revitalizadas do Centro? Os que mais precisam de moradia estarão contemplados?
O Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RJ) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ) fizeram um excelente estudo do projeto. Você encontra a Nota Técnica no site das entidades.
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