Esse é o domingo de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa. No relato de João (20, 19-23), os discípulos do Crucificado estavam reunidos, tristes, portas fechadas, por “medo das autoridades”.
Jesus, livre das amarras da matéria, chegou, fez a saudação ( “a Paz esteja com vocês” ) e “soprou sobre eles: ‘recebam o Espírito Santo’ “. Um sopro de ânimo e alegria.
Portas fechadas. Quais as portas que em nós andam fechadas? A do nosso próprio autoconhecimento? A que dá para os outros, para a rua, para a cidade, o país, o mundo? “O egocentrismo é o pecado original” – ensinou o monge, ativista social e escritor Thomas Merton (1915-1968).
Medo. O que tememos tanto? Nossos próprios fantasmas, da insegurança, da compulsão por consumir, de perda da razão de existir? É bom sim temê-los, para enfrentá-los e superá-los.
Tememos nossa insegurança diante dos desafios, das escolhas, do caminho a seguir? É natural, mas viver e crescer é decidir. O bem estar de si mesmo e dos outros é o melhor critério. É impossível ser feliz sozinho.
Para tudo é fundamental o Espírito. Mais que “presença de espírito”, a do Espírito. Da alma, da luz, do ânimo, do fogo, do ENTUSIASMO, que quer dizer “Deus dentro da gente”. Espírito que habita, escondido, tudo o que pulsa.
O sopro de Jesus acende línguas de fogo que nos iluminam, empurram, tocam em frente. Mantém a chama do sonho comum de um mundo melhor, mais cuidado, com seus frutos repartidos. Faz com que não desanimemos, apesar dos tropeços, dos inevitáveis fracassos, pois desanimar é perder o ânimo de batalhar.
Pentecostes é celebração de um Deus amoroso e da imensidão do nosso ser, que sempre é ser-com-os-outros. Somos corpo e espírito integrados, capazes de ir muito além de nós mesmos, sempre! Somos terrenos e finitos, cósmicos e eternos.
Somos a leveza da pomba, que busca a amplitude e espalha a mensagem de Justiça e Paz. A tradição popular sabe e festeja. O sopro é oferecido a todo/as, durante todo o tempo de nossas vidas.
Hoje é Pentecostes, festa da inspiração (que vem também com a transpiração, o esforço diário, miúdo e imprescindível). Peçamos: vinde, Espírito Santo! Saiamos das sombras para a Luz!
Línguas de fogo, festa popular do Divino