O vereador Jairo Jr, preso sob acusação de ter torturado e levado à morte o menino Henry, de 4 anos, apresentou sua defesa ao Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio.
Em 4 páginas, seu advogado “responde” à Representação pela cassação do seu mandato, que tem 16. É o pior texto que já li sobre essa temática. Essa defesa me lembrou aquela da seleção brasileira de futebol, que tomou 7 gols da Alemanha.
Tem erro de forma do começo ao fim: chama de Comissão o Conselho, usa adjetivo elogioso como se fosse crítico, come verbos e espalha vírgulas – inclusive separando sujeito de predicado – em profusão.
Mas o pior mesmo é o conteúdo: afirma que Jairo – a quem se refere sempre como “o vereador publicamente conhecido como Dr. Jairinho” (que teve “expressantes (?!?) 16.031 votos”) – está “sofrendo constrangimento ilegal” e “o processo de cassação carece de qualquer base legal”, pois inspirado no “clamor social” e em “matérias jornalísticas”. Parece que o nobre causídico não leu a Representação.
Ataca o Poder Legislativo carioca, que estaria “refém da curial (isto é, apropriada, conveniente) espetacularização” (?!?) e “justificando os meios pelos fins, impulsionado pela tradicional voz das ruas, e se diminuido em seu papel”.
Nesse papel/dever da Câmara, alude a uma “luta pela interrupção do ciclo opressor”. Contra Bolsonaro, contra as milícias, contra a truculência machista? Contra posturas como as que levaram o pequeno Hery à morte? Mas é exatamente nessa “luta” que a Representação pela cassação se insere…
Por fim, o advogado de Jairo Souza Jr traz o que reputa serem “importantes informações”: “a saudável a relação afetiva entre ‘Dr. Jairinho e o ‘Henry’ ” e “o carinho que o vereador ‘Dr. Jairinho’ nutre por TODOS os colegas de trabalho”.
Lendo uma peça dessas, fico ainda mais convicto de que o Brasil precisa, sobretudo, de boa Educação Pública e muito mais Justiça. Além de ter na VERDADE – tão espancada nesse texto e nas sessões da CPI da Pandemia – um valor.