Naqueles tempos de Revolução contra o Absolutismo (apoiado pela Igreja Católica), Champagnat entendeu que as melhores luzes para as pessoas viriam da Educação. Por isso a Congregação que fundou, dos Irmãos Maristas, tinha como missão educar. Em todas as partes do mundo.
Champagnat não concebeu uma educação meramente intelectual, “letrada”. Com jeito de pedreiro, pegou na enxada e na pá para terraplanar e assentar alicerces na construção do prédio de uma de suas escolas. Pedagogia do exemplo.
Fui, como tantos e, mais recentemente, tantas, aluno marista: fiz o antigo ginásio no Colégio São José, na Tijuca (Rio). Recebi, naquela instituição de classe média, uma formação religiosa conservadora, sendo apresentado a um Deus “tomador de conta”, disciplinador – em toda sala de aula tinha uma plaquina ameaçadora, “Deus me vê”.
Um amigo dizia que a melhor maneira de perder a fé era estudar em colégio religioso… Graças a Deus e a bons pedagogos, comigo não foi assim. Mantive e fui orientado a ter “fé na vida, no homem, no que virá”.
Isso se deveu, em parte, ao fato de que, em meio a uma religiosidade de ritos e obrigações – quem confessava e comungava durante as 9 primeiras sextas-feiras do mês ganhava “cadeira cativa” no Céu – havia também o princípio da solidariedade, da percepção do outro, sobretudo dos mais marginalizados.
Tive professores inesquecíveis, que me apresentaram o mundo, suas dores e sua necessidade de mudança. E também, mais que o “hábito da leitura”, o prazer de ler, de conhecer, de estudar. Pedagogia libertadora.
Soube que hoje, quando há plaquinhas nas salas, “Deus é Amor” predomina. Melhor assim. Sinal dos tempos. Afinal, como repete o papa Francisco, “Cristo não veio fundar uma nova religião, mas nos ensinar a viver”.
Dia da Pedagoga, do Pedagogo: educar é descentrar, é ensinar a olhar para dentro e para fora.