MC KEVIN, YANOMAMIS E AS CRIANÇAS PALESTINAS

A morte anda muito “amiga” da vida. Ela tem feito abundante colheita. Ontem, fechando o dia de luto por Eva Wilma e Bruno Covas, foi a vez do MC Kevin, 23 anos.

As circunstâncias de sua queda do alto de um hotel na Barra da Tijuca ainda estão sendo apuradas. O certo é que, premonitório, sua derradeira composição foi o funk “Minha última música”. Ali ele lembra que “do crime o governo é concorrente” e diz que “vai dar um tempo pra repensar a vida”. Não devia nem podia ser assim.

Muito longe dos centros urbanos, a morte chega cotidianamente – e pouco noticiada. No Brasil profundo, nos últimos 2 anos, 56% das Áreas de Proteção Ambiental ou Terras Indígenas foram tomadas por grileiros e têm registros falsos. A sanha do garimpo ilegal sobre a Província Aurífera do Tapajós se espalha na Amazônia, com apoio do Ministério do Meio Ambiente e da própria Funai!

É a ameaça letal contra os Yanomami, contra os Mundukuru. Sâo povos abandonados à sua própria sorte, é o “azar” da morte. É o genocídio lento e continuado, com aval oficial, de um pedaço da nossa nação. Danação.

Muito longe do Brasil, lá no Oriente, crianças palestinas e israelenses choram, assustadas. Em Gaza, até aqui, pelo menos 38 foram mortas por bombardeios. Centenas estão feridas. Os foguetes do Hamas, muito menos “eficazes”, também podem atingir qualquer um. Alvos civis e infantis da incivilidade, da covardia, da estupidez.

Esta semana chegaremos, tragicamente, a 440 mil mortes pela Covid no Brasil. Muitas evitáveis, como a CPI da Pandemia apura.

Diante de sinistro tamanho, resistir é re-existir. É afirmar os valores que podem iluminar nossas frágeis vidas, como pessoas e povos: igualdade, solidariedade, saúde cidadã. Mais que a busca da felicidade, a felicidade da busca.

“De repente, não mais que de repente, do riso fez-se o pranto” (Vinicius de Moraes – Soneto da Separação)

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