Há 28 anos, houve o escândalo dos “Anões do Orçamento”. Descobriu-se que, desde os anos 80, deputados de pouca expressão manipulavam verbas orçamentárias, destinando recursos de obras para empreiteiras. Assim enriqueciam ilicitamente com as propinas recebidas.
Deu CPI e cassação de mandatos. Ficou famoso o deputado João Alves, que dizia ter feito fortuna ganhando seguidamente na loteria. Ô sorte!
Agora descobre-se, graças ao jornalismo investigativo d´O Estado de São Paulo, um esquema igualmente corrupto, mas mais sofisticado, que envolve figurões da base governista no Parlamento.
O vértice está no Ministério do Desenvolvimento Regional, do ex-deputado Rogério Marinho, e a Codevasf, Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba. Ela ampliou seu raio de ação de 7,4% dos municípios para 37%, e é comandada por um ex-dirigente da Odebrecht. Tem know-how…
Através do arranjo secreto, já apelidado de #bolsolão ou #TRATORAÇO, 37 deputados e 5 senadores indicavam, numa espécie de Orçamento paralelo, recursos no total de R$ 3 bilhões para para municípios onde têm interesses eleitorais e… “comerciais”.
Por ofícios – até então ocultos – as Excelências (de vários partidos, que vendem seu apoio ao governo) colocavam “suas verbas” na compra de tratores e outros equipamentos agrícolas com até 259% de superfaturamento! Tudo por fora dos R$ 8 milhões em emendas anuais a que todo parlamentar tem direito.
O esquema corrupto é a cara do Centrão e garante seu apoio a Bolsonaro. Tudo o que, na campanha de 2018, o “Mi(n)to” jurou que não ia fazer… Toma-lá-dá-cá, compra de votos “no sapatinho” (de luxo), que agora se evidencia.
Esse escândalo exige investigação do TCU, do MP, do STF e de uma CPI. Os participantes são graúdos do Congresso Nacional – como Lira (PP) e Alcolumbre (DEM), e vão tentar abafar, mas o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) já começou a recolher assinaturas.
É a esse preço – com o seu, o meu, o nosso dinheiro! – que Bolsonaro se garante contra o impeachment. E vai tocando o Brasil rumo ao abismo, com a cara de pau de se dizer “honesto”.
Parte da mídia grande, sobretudo a televisiva, ainda não reportou esse escândalo (há muitos intere$$e$ em jogo). Façamos a nossa parte: vamos divulgar, denunciar, pressionar!