A morte foi institucionalizada como política de estado no Rio de Janeiro. É o oposto de Segurança Pública. Muito antes da pandemia ceifar 412 mil vidas, tendo o presidente da República como principal aliado na propagação do coronavírus, as populações das favelas já vinham sendo abandonadas. Marginalização histórica. A situação está se agravando.
Hoje, o Jacarezinho amanheceu sob rajadas de tiros disparados de helicópteros, granadas e bombas de pimenta. Todos os moradores acuados pelo horror. O saldo da operação da Polícia Civil foi, até aqui, de 23 mortos. Entre eles, um policial civil. E passageiros do metrô baleados (sim, do metrõ!). Vale ressaltar que os agentes de segurança, instrumentalizados pelo Estado para executar essa guerra macabra e inócua, também são vítimas desse morticínio.
Witzel saiu do cargo de governador, mas a necropolítica do “tiro na cabecinha” continua na gestão de Cláudio Castro (água baça da mesma pipa). A ação de hoje, em especial, foi autorizada pela Justiça. Mas existe decisão do STF que proíbe operações policiais em favelas enquanto durar a pandemia.
A indagação de sempre: fosse contra chefões do tráfico ou de milícias e suas escoltas em condomínio de luxo (ou bairros de classe rica ou média) a operação teria essa brutalidade?
Que política de “segurança” é essa que só sabe matar e que, a longo prazo, não tem nenhuma eficácia? Lembremos da ação “espetacular” na Vila Cruzeiro… Quanto mais se mata mais a criminalidade cresce, pois em áreas pobres não chegam políticas públicas continuadas de educação, saneamento, cultura. Só polícia, eventual e letal.
Tem algo muito errado nessa “estratégia”. Cadê os recursos de inteligência, tecnologia, investigação? Solidariedade e força à população do Jacarezinho e a tantos que ficam expostos a essa guerra insana, sem vencedores.