Saudades do tempo em que uma pacata cidade do interior do Brasil, onde todos os moradores se conhecem – como milhares – , jamais seria palco de uma atrocidade como essa de SAUDADES, em Santa Catarina.
Que sociedade envenenada estamos construindo? Que relações interpessoais são essas que levam uma pessoa de 18 anos a ter tamanho surto de ódio e assassinar bebês e jovens educadoras, tingindo de barbárie doentia uma “aquarela” de ternura e alegria?
Saudades de quem, como Paulo Gustavo, nos “obrigava” a rir, fazendo da graça sua profissão, e clamando para que tomemos uma vacina já existente desde que o ser humano surgiu na face da Terra, antídoto contra todo preconceito, contra a inevitável dor: o afeto, o amor.
Que mundo do poder é esse onde prevalece o egoísmo, o mau humor, a ânsia de dominação, a frieza diante do sofrimento do outro, o “e daí” frente a 412 mil mortos, a eliminação de quem não é nosso igual, a banalidade do mal?
Aprendi com Riobaldo, o jagunço filósofo do Grande Sertão de Guimarães Rosa, que “toda saudade é uma espécie de velhice”. Mas é também renovação, mesmo doída, do sentido das nossas existências. O mesmo Rosa ensinou que “o que é da gente, vale a semente”.
Persistamos, apesar dos desencantos.
“Sorri, vai mentindo a tua dor, e ao notar que tu sorris todo mundo irá supor que és feliz” (Charles Chaplin, versão de João de Barro, 1955)
Banksy, seu adeus, nossas perdas