Paulo Gustavo, 42 anos espalhando benefícios. Semeou sua arte, sua liberdade, sua alegria. Mexeu com nossos preconceitos e questionou conceitos, sempre com fina ironia. Tinha um espírito livre, que agora, liberto de tanta asfixia, está mais elevado ainda, na largueza cósmica, no colo de Deus (entende, senhor “pastor”?).
Sua família, na aflição imensa, com recursos para ampará-lo que pouquíssimos têm, foi plena de grandeza: “agradecemos o carinho e as orações, pedimos que continuem a enviar boas energias pela recuperação de todos os que se encontram na luta contra o vírus”. Não esqueceram dos semelhantes, nesse tempo da indução ao cada um cuidando de si. Perdem seu amado mas não a empatia, a solidariedade!
Paulo Gustavo, promotor de tanto riso, só não comove, na sua partida, os de cenho franzido, os de mal com a vida, os cúmplices do vírus, os idiotas que perderam a leveza e a graça da existência. Os mortos-vivos que comandam o necrogoverno da indecência. O “capo” maior prestou formais condolências. A melhor maneira seria deixar de lado a hipocrisia e mudar de postura, abandonando o negacionismo e a homofobia…
Paulo Gustavo está livre mas não entra mais em cena. Os palcos e nossos corações estão vazios. Paulo merecia viver muito mais. Merecíamos tê-lo muito mais tempo entre nós. Que o Deus do Todo Poderoso Amor – a magia da verdade inteira – ampare suas crianças, seu companheiro, sua mamãe, sua mana, a família inteira.
Imagino Paulo encontrando Chaplin, na porta do céu: – Licença, mestre Carlitos! E Chaplin, de braços abertos, ao som de “Smile”: – Entre logo, Paulo. Aqui o riso que você semeou na vida terrena nunca terá fim…
Um consolo no justo lamento: as lágrimas por Paulo Gustavo regam o sorriso que ele cultivou em milhões de rostos brasileiros, tão marcados pelo sofrimento.
“Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Rir é um ato de resistência! (…) Contra o preconceito, a intolerância, a mentira, a tristeza, já existe vacina: é o afeto, o amor!”.
Valeu, Paulo Gustavo!!!