Abril, que acaba hoje, virou o mês do “sincericídio” governamental. Ano passado – lembra? – foi aquela reunião do alto escalão de baixo calão, comandada por Bolsonaro, que distribuiu xingamentos e ordens de proteção à familícia. Aquela em que Salles avisou que ia “passar a boiada”, isto é, a motosserra (como está criminosamente passando).
Agora, dia 27, houve a reunião do Conselho de Saúde Suplementar, com ministro dizendo que tomou vacina escondido. Guedes, o “Posto Ipiranga” da Economia, no convescote patético do ano passado se vangloriou de ter “colocado uma dinamite no bolso dos servidores públicos” e afirmou que a “m***a do Banco do Brasil” estava pronta pra ser vendida.
Agora revelou sua visão elitista, torta e torpe da Educação no Brasil: “o governo passado deu bolsa pra todo mundo, beneficiando quem não tinha a menor capacidade e não sabe ler nem escrever (…) Um desastre que enriqueceu meia dúzia (…) o filho do meu porteiro tirou zero em tudo e foi matriculado”.
Esse ministro, devoto do Capital financeiro, inerte diante do desemprego e da inflação, devia, por dever de ofício: 1) conhecer a legislação, que só dá acesso ao ensino superior a quem é aprovado no ENEM, e que exige média de no mínimo 450 pontos e não zerar a redação; 2) denunciar ao MEC essa faculdade do “filho do porteiro” que “seduziu” o rapaz “sem capacidade”, e todas as que só querem ganhar grana – essa fiscalização é tarefa do seu governo; 3) conhecer melhor o programa de Financiamento Estudantil (FIES) e sua importância na democratização do ensino no Brasil, e não estrangulá-lo, como faz seu governo, que reduziu em 300 mil os estudantes pobres beneficiados.
Guedes – que reclamou também de que “hoje, todo mundo quer viver 100, 120, 130 anos, e o Estado não aguenta” (!?!) – expressa bem o que o necrogoverno Bolsonaro pensa da Educação: para poucos, pública ao mínimo, privatizada ao máximo. Afinal, povo educado é povo emancipado, que não aceita embustes, mentiras e “mitos”. Mantê-lo na ignorância é meio de dominação.
Como ensinou mestre Paulo Freire, cuja morte (em 2 de maio 1997) e VIDA centenária (nasceu em 1921) nos inspira, “a educação sozinha não transforma a sociedade, mas sem ela tampouco a sociedade muda”.
RIBS, artista maior, sabe, ao contrário de Guedes e Bolsonaro, que quem não estuda e lê, mal sabe, mal ouve e mal vê.