Ele, nos Autos da Devassa, preso, confessou: “uni minhas amarguras às do povo, que eram maiores, e foi assim que a ideia de libertação tomou conta de mim”.
Ele, junto com outros, não temeu a opressão colonial, e conspirou pela independência de sua capitania: “liberdade, ainda que tardia”.
Ele passou sua breve vida entre os cuidados de saúde – dentista prático – com sua gente e suas funções de alferes, militar de baixa patente.
Ele, o mais humilde e entusiasmado entre os fracassados rebeldes, foi condenado à forca e esquartejado, com as partes de seu corpo expostas “onde o réu teve suas infames práticas” – nos caminhos entre Rio e Minas. E declarado “traidor” por gerações. Os Pedros, imperadores do Brasil, eram neto e bisneto da monarca que ordenou a execução dele.
Hoje, passados 229 anos, não estamos falando dos vencedores de então, seus algozes, mas desse José, desse Silva: o Tiradentes.
Tavinho Moura e o saudoso Fernando Brant, mineiros como ele, aproximaram, na canção, Tiradentes e nossos pequenos heróis do dia a dia.
O Brasil, apesar da força e das forcas dos estúpidos e insensíveis no poder, resiste! Que cada um de nós faça sua parte.
“Ah, quem será o herói dessa nossa História?
Quem vai tecer o amanhã? (…)
João e Maria que se dão bom dia?
Dona Teresa que coloca a mesa?
É o Valdemar que vai trabalhar?
É dona Das Dores que nos manda flores?
É o amigo Pedro que já não tem medo,
O seu José que é de muita fé?(…)
É quem faz cimento, quem carrega areia
Amassa o pão e ama a lua cheia
Sabe que a chuva é pra se molhar
João é Maria, Valdemar é Pedro
José é Teresa que é nossa das dores:
Joaquim José da Silva Xavier!
Meu povo é meu herói
Ele é a força
Que a forca não pode parar!”
Suplício de Tiradentes, tela de Pedro Américo, 1893 (já na República, quando Tiradentes e a Conjuração de Minas foram reconhecidos)