Em milhares de templos ou casas de cristãos, no mundo inteiro, chega hoje o trecho final do Evangelho de Lucas (24, 35-48), que traz Jesus Ressuscitado entre seus amigos e amigas. Um encontro onde há temor, espanto e, afinal, muita alegria!
A saudação do Cristo, linda, é a de quem venceu as limitações do tempo e da matéria: “A paz esteja com vocês”. O pedido é de quem sabe que somos, nessa caminhada terrena, carne, corpo, afeto: “toquem-me, vejam meus pés e minhas mãos. Um espírito não tem carne e ossos, eu tenho! Vocês têm algo para comer?”.
E o peixe foi compartilhado, como o pão com os discípulos de Emaús, até então desencantados. É nisso que se reconhece a vida prevalecendo sobre as forças da morte: no alimento repartido, no amor que gera uma Paz interior inabalável.
Eu me emociono com a possibilidade da Páscoa, essa passagem que faz do nosso inevitável fim uma abertura à luz, a um novo nível de vínculo, a um novo estado do Ser, livre do ter e de todas as discriminações. Ânsia de plenitude.
Hélio Pellegrino (1924-1988), psicanalista, “católico, apostólico, mineiro”, como gostava de dizer, pessoa arrebatada e iluminada, afirmou: “só a ressurreição da carne me sustenta. É ela que constitui a última utopia humana, o projeto essencial ao qual se referem – e no qual se alimentam – todos os projetos (…) Só consigo justificar-me, enquanto pessoa, se passo a apoiar-me no esplendor de uma plenitude maior do que a morte”.
Essa desejada plenitude, para ser plena mesmo, tem que ser coletiva, socializada, gregária. Comum-união.
Todo dia tento perceber os fragmentos e sinais da Eternidade que nos são oferecidos. Pergunto-me como anda minha fé em valores que me ultrapassam e derrotam todas as poderosas forças da morte que “viralizam” no Brasil (3% da população mundial, 12% das perdas por Covid!) e no mundo.
Graças a Deus e aos meus próximos, creio, “ando com fé, que não costuma faiá”. Mesmo em meio ao medo e às dúvidas. E você?
Santa Ceia Negra – @jesusmafa.com – Centro de Estudos Bíblicos (CEBI)