Com a História na mão: em abril de 1992, com impopularidade crescente, o presidente “caçador de marajás”, o “marajá” Fernando Collor, deu sua última cartada: formou um ministério de “notáveis” figurões nacionais, do banqueiro Marcílio Marques Moreira e do jurista conservador Célio Borja ao sociólogo Helio Jaguaribe. Abandonando a farsa (bem sucedida para sua eleição, em 1989) de ser “contra partidos”, deu plenos poderes a Jorge Bornhausen, cacique do PFL. Tentou se acertar com o Congresso.
Não deu certo. Em dezembro daquele ano o processo de impeachment se concluía, e o homem ‘daquilo roxo” era apeado da presidência. Sem choro nem vela.
Bolsonaro agora faz uma “dança das cadeiras” no seu ministério. Mas não traz “notáveis” e sim notórios submissos ao “bolsonarismo” – essa expressão populista e autoritária da extrema-direita nacional.
Para fazer um afago no Centrão (o devorador de cargos e verbas públicas) coloca na Secretaria de Governo uma deputada do PL de Valdemar Costa Neto, notório condenado por corrupção. A nova ministra é esposa do também notório Arruda, ex-governador do DF flagrado recebendo propina em dinheiro vivo.
Bolsonaro quer fazer das Forças Armadas sua guarda pretoriana, pronta para um autogolpe. Como ele diz, o “meu Exército”, disposto a serví-lo em qualquer aventura autoritária sinistra. Detesta a ideia das Forças Armadas como instituição de Estado: as quer como serviçais do seu governo, da sua política destrambelhada. Demitiu o ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, por este não aceitar ser seu “lambe-sapatos” todo o tempo. Na alta oficialidade, Bolsonaro estimula os intervencionistas, contra os legalistas. A “Ordem do Dia” de amanhã, “comemorativa” do golpe de 1964, trará sinais.
Enquanto isso, chegaremos hoje a 315 mil mortos por Covid. E, até aqui, menos de 8% da população foi vacinada com a 1ª dose, e menos de 3% com a 2ª. Política de morte!
Crédito: Junião em defesa da Constituição