ENTRE MANTOS E RAMOS, O GUERRILHEIRO DA PAZ(Breve reflexão para cristãos ou não)

Hoje é Domingo de Ramos, no qual se rememora a “entrada triunfal” de Cristo em Jerusalém (Mc, 11, 1-10). Triunfal? Nada, se considerarmos os padrões de “triunfo”, “vitória”, “poder e glória” daquele tempo. E os de hoje também.

A ideia de “sucesso” é condicionada pelos valores dominantes de cada época. Jesus não entra na capital do poder da sociedade judaica, sob domínio romano, em fogoso cavalo de guerreiros conquistadores. Escolhe pedir emprestado “um jumentinho que nunca foi montado”. Que fica manso ao receber, no dorso, o afago do manto dos discípulos. E a carga de Alguém que chega com leveza, sem posses, sem pretensão de domínio nem mesmo sobre o pequeno animal, logo devolvido.

Jesus não é recebido pelas autoridades, com pompa e circunstância, tambores e trombetas. Quem o acolhe é gente simples, os pobres do caminho, os marginalizados da “ordem” injusta.

Os pequeninos entoam “hosanas” – exclamação de alegria, de louvor: “bendito o que vem em nome do Senhor, bendito o Reino que há de vir”. Reino de amor, justiça e paz, reino com um rei que é um igual, um comum. Reino que entusiasma (Deus dentro de nós) e faz prosseguir, apesar das pedras do caminho. Em nome de quê ou de quem estamos chegando aos nossos semelhantes?

Na tradição popular, o Domingo de Ramos é também o da bênção de pequenos galhos verdejantes, que são colocados nas portas das casas. Proteção contra todos os males, contra tantas coisas de “não”: fome, intempéries, vírus, doença, opressão. Males que atravessam os séculos, que continuam nos ásperos tempos de agora…

O Domingo de Ramos abre a Semana Santa. Contraste: o aclamado de hoje será o torturado e crucificado de amanhã. Mas para quem não se inebria com a “celebridade” (sempre efêmera) nesse mundo, a culminância é a Páscoa – passagem, travessia. Luz da vida superando as sombras da aniquilação.

Nesses tempos em que a morte – até induzida por quem devia combatê-la – tanto se expande, Páscoa é resistência. Procuremos nossos ramos da esperança interior, que nunca secam.

GIOTTO di Bondone – 1266-1337

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