Na Barra da Tijuca, em frente ao condomínio onde mora Bolsonaro (e também, por “terrível coincidência”, o executor do assassinato de Marielle e Anderson), um grupo caminhou, com roupas pretas e passo militar, para “celebrar” os 66 anos do seu “mito”. Impossível não lembrar das milícias fascistas de Mussolini em sua marcha sobre Roma (1922). A História ensina.
No Alvorada, em Brasília, o aniversariante apareceu, tirou selfies com apoiadores (muitos sem máscara), aglomerou à vontade, “lavou” as mãos em águas sujas, distribuiu pedaços de bolo. Todos ali sem dó (de si) nem piedade (dos outros).
Tirando a máscara, o autocrata destampou: “Enquanto for presidente, só Deus me tira daqui”. Esqueceu que o impeachment é constitucional e não depende da vontade divina. Depois, ao estilo, ameaçou: “estão esticando a corda”. Não disse quem, nem onde está essa corda.
A julgar pelo manifesto de centenas de economistas, empresários e banqueiros, todos neoliberais, lançado ontem, a corda está no pescoço do “Duce” tupiniquim. Também assinam a carta aberta intitulada “País exige respeito: a vida necessita da ciência e do bom governo” quatro ex-ministros da Fazenda e cinco ex-presidentes do Banco Central (nenhum de Lula e Dilma).
É que o aniversariante perdeu todos os limites do bom senso, da razoabilidade. A pandemia colocou a nu sua perversidade e incompetência.
O que os poderosos signatários – suponho que a quase totalidade votou em Bolsonaro – propõem é o óbvio: acelerar a vacinação (no ritmo atual, a população só estará imunizada em 3 anos!), incentivar os cuidados pessoais (máscaras, alcool gel, distanciamento), coordenação nacional de combate à Covid em cooperação com governos e prefeituras, auxílio emergencial substantivo, apoio às micro e pequenas empresas.
Esse setor do grande capital caracteriza bem o governo Bolsonaro: “desdenho à ciência, apelo a tratamento sem evidência de eficácia, estímulo à aglomeração, flerte com o movimento antivacina, reforçando normas antissociais, dificultando a adesão da população a comportamentos responsáveis, aumentando os custos do país e ampliando o número de infectados e mortos”.
Bolsonaro segue em marcha (ele gosta!) batida para a autodesconstrução: tem solavancos com o Centrão, de quem depende, não sabe o que fazer com Pazuello (que custa a sair, embora já tenha substituto), está informado de uns rolos sérios do ministro Queiroga, bancado pelo investigadíssimo… Flávio Bolsonaro, agora seu principal “conselheiro”. Tudo errado, e nós ferrados!
O chefe da política genocida está se tornando um incômodo até para quem apostou todas as suas fichas nele, em 2018.
Charge do Nani