TERMINA O CARNAVAL QUE NÃO HOUVE

Nessa “terça gorda” termina o Carnaval que não rolou – a não ser para grupos negacionistas irresponsáveis, que sapateiam à beira do vulcão.
Termina o carnaval sem carnaval. Pensando bem, a nossa História é cheia de acontecimentos que não aconteceram… São “narrativas” quase sempre construídas de acordo com os interesses dos vitoriosos.
O Descobrimento de 1500 foi um cobrimento dos povos originários que aqui viviam, dizimados ou aculturados.
A Independência de 1822 foi uma nova dependência: o Império do Brasil que nasce está subordinado aos interesses econômico-mercantis ingleses.
A República foi proclamada por um general simpático ao imperador. A “res publica” (que quer dizer coisa do povo) foi sendo construída sem participação popular.
Em 1888, a Princesa Isabel promulgou a Lei Áurea, quando as relações escravistas de trabalho já eram substituídas pelo subassalariamento, e sem nenhum programa de amparo aos ex-cativos, “livres do açoite da senzala mas presos na miséria da favelas”… e de todo tipo de discriminação.
A Revolução de 1930 foi feita “antes que o povo a fizesse”, como disse um de seus líderes.
O Estado Novo de 1937 não trouxe novidade ao tentar copiar o “Estado Integral” autoritário de Portugal, do ditador Salazar.
A Democratização de 1945 logo colocou o Partido Comunista na ilegalidade e ameaçava com intervenção militar sempre que os “de baixo” reivindicavam.
O golpe empresarial-militar de 1964, propagado como “para salvar a democracia”, jogou o país numa ditadura tenebrosa, baseada em censura, repressão, mentira oficial e tortura.
A República Nova de 1985 foi uma transição tutelada pelos militares e manteve o poder político das oligarquias: envelheceu depressa…
A Constituição Cidadã de 1988, um grande avanço, ainda não desceu por inteiro do papel para a vida real: somos carentes de cidadania ativa.
Em 2016, alegando “pedaladas fiscais” (ajustes orçamentários praticados no Brasil desde d. João VI) deu-se um golpe parlamentar liderado pelo megacorrupto Eduardo Cunha e aprovado por uma maioria fisiológica, destituindo a presidente Dilma em nome de uma falsa “moralidade”, pregada mas não praticada.
Em 2018, pelo voto direto para presidente, duramente conquistado, quase 58 milhões de brasileir@s colocaram no poder um assumido inimigo da democracia, dos direitos humanos, dos princípios republicanos, da Carta Magna, da Ciência, do bom senso…
Alô carnavalescos! Não seria um bom enredo para o próximo Carnaval (tomara que possa ser ano que vem), na linha das “histórias que a História não conta” da Mangueira de 2019?
Alô colegas professor@s: não é um “fio” para a compreensão crítica da nossa História – que pode ajudar a transformá-la na direção da justiça, da igualdade e da fraternidade, fazendo dessa vergonha uma Nação?

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